terça-feira, 7 de dezembro de 2010

4-Deus não me ouve


Esta é sem dúvida a questão que leva ao método científico mais parcial, tendencioso e inválido sobre a existência de Deus.

O cético, como prova de verdade de sua ordem de conhecimento, vocifera em alta voz "prove-me que Você existe", "Me mostre um sinal", "Se Você existe, apareça agora" ou ainda "Quero ver um milagre nos próximos 4 minutos para acreditar em que Deus existe".

Interessante que do ponto de vista umbigocêntrico dos céticos, toda a realidade gira em torno de seu próprio ego, como um grande pesadelo que desafia sua imensa vontade de acordar pra algo diferente, provando-se assim que ele está errado. Contradições a parte, e a despeito da carência emotiva do cético ser maior que sua conduta filosófica, o antropocentrismo é uma doença que já esteve muito na moda na Renascença, período intelectual tão válido atualmente quanto a Idade Média, a Revolução Industrial ou a Pré-história.

Um efeito colateral deste conjunto de paradigmas é a chamada ciência - que remove do homem o centrismo, e também do universo, ou da realidade, diluindo tudo num patamar de eventos circunstanciais de peso equivalente sem início ou fim - o que também neutraliza a física newtoniana. Mas isso quando é conveniente, é agradavelmente ignorado pelos métodos dedutivos tendenciosos. Mas isso já não seria novo, desde os pensadores gregos...

Assim, o cético acredita que Deus está ali esperando seu interesse por Ele, e que sob o comando de um cético, Ele se manifestaria para provar sua existência. Doce engano: imagine a possibilidade de uma bactéria dar ordens a um alienígena superdesenvolvido. Agora imagine essa defasagem de autoridade numa escala infinitamente maior: é o cético achando que Deus vai obedece-lo sob qualquer circunstância...

Por isso, esse método é definitivamente inválido.

Outro vício que os céticos adoram repetir fervorosa e dogmaticamente é um joguinho lógico (lógico pra eles, pois é completamente falho...), resumindo-se no seguintes pressupostos e conclusões:
A) A Bíblia diz que Deus ama todos os seres humanos mesmo em todos seus erros (pecados);
B) Deus quer salvar todos os humanos, para vencer o Diabo;
C) Se Deus quer, ele vai fazer a sua parte nessa luta pra atrair os humanos perdoando-os mesmo após uma vida toda de iniquidades (perdão de última hora e salvação equivalente a quem foi fiel a vida toda)
D) Portanto, como o interessado é Deus, e quem está sendo disputado é o homem, então ele vai se esforçar e fazer alguns milagres pra convencer o pobre coitado humano a se decidir entre passar a eternidade no céu ou no inferno...

Bem, não cabe neste tópico analisar todos os erros deste raciocínio, mas vamos por alguns:

A) Sim é verdade, Deus vai continuar te amando se você fizer da sua própria vida um poço de infelicidades. Mas a escolha é sua. Ele vai continuar te amando assim como uma mãe vai visitar o filho na cadeia, levando até serrinha dentro do bolo (sim, Deus faz vista grossa a muitos pecados, leia a bíblia para descobrir as condições). Mas não queira ser esse filho na cadeia, não é lá tão divertido...
B) Sim , Deus quer salvar a todos, como Cristo mesmo afirmou que seu desejo é não perder uma alma sequer. Mas Deus não precisa vencer o Diabo, ele já está derrotado, segundo o mesmo livro que o cita e o define, a saber, a Bíblia. A questão deve estar mais próxima de Ele esperar que você vença seus próprios demônios, através da autoridade absoluta sobre sua alma, mente e corpo. Mas não vá falar como um fumante  que costuma pensar "fumo há vinte anos e nunca fiquei viciado. Não paro porque não quero"...
C) Parábola dos trabalhadores da última hora: O que você acharia se uma mosca tentasse ganhar de você um quilo de açúcar te dando em troca uma virose? Bom, isso não é muito distante do que o Criador acharia de um bichinho chamado humano explicitamente fazendo qualquer coisa da vida, mas já esperando que na última hora iria pedir o perdão para ganhar o paraíso. Neste caso, escutaria a seguinte frase: Já recebeste a tua recompensa.
D) O cético acha que devido ao fato de ele ser muito importante, pois é muito egocentrico, Deus faria qualquer coisa pra ganahar a sua alma. Inclusive se materializar como um velho barbudo e implorar para o cético ama-Lo.

Sendo assim, a conduta que normalmente é demonstrada por aqueles que dizem que Deus não os ouve, é geralmente consequência de uma absoluta falta de noção de escala do real, das circunstâncias de privilégio e autoridade sobre a ordem do universo. E dizer que isso é metafísica ou especulação é o mesmo que dizer que (sic, vamos usar um exemplo grosseiro e superficial pra ficar bem didático...) em matéria de sexo não existem regras. Experimente dizer para uma mulher durante o sexo "você é feia" pra ver se a ciência explica porque você provavelmente estava sozinho alguns minutos depois, ou no caso de uma mulher, diga pro seu parceiro "pequeno ele né?"...

Resumindo: com essas condutas típicas, Deus não vai responder. Aliás, Deus fala quando Ele quer. Ou ainda, você não vai escutar ou ver ou sentir o que ele tem pra te dizer, se é que há algo a ser dito, nesse seu momento. Fique atento, e com serenidade. Milagres acontecem, até mesmo pessoas estranhas falarem com você sobre aquele assunto que você está desesperado(a). Experimente acreditar... mas não espere que vá acontecer na hora que você quer, mas na hora que Ele quer.

Mas também não espere tirar prova estatística de Deus: não espere o mesmo resultado várias vezes, ou várias confirmações, ou várias sensações de resposta para o mesmo fato: isso pode acontecer ao longo da sua vida de diversas formas, mas não confunda isso com alguma autoridade sua sobre Ele. E é óbvio que a próxima coisa que você vai pensar sobre o que aconteceu é que foi uma mera "coincidência", uma sensação típica de quem nunca viu nada extraordinário ou fora da ordem natural das coisas, ou em outras palavras: um milagre. Ou que a sua mente estava "focada" naquilo e até mesmo moveu de forma quântica o universo para que aquilo ocorresse, ou que de tanto pensar naquilo seus hábitos o levaram a se encontrar na situação, ou que sua mente "forjou" a impressão, ou que "sempre acontece mas como só pensava naquilo, tornou-se perceptível e marcante".

É... eu pensei esse tipo de coisa durante anos e anos de minha vida. Mas hoje, com uma noção muito melhor de matemática, estatística e probabilidade, me convenci matematicamente de que já houve muitos milagres em minha vida, a maioria com aparencia corriqueira. É como se para algumas pessoas fosse normal ganhar na sena toda semana. Estatísticamente, é impossível. Mas como é normal, a pessoa pode achar que "isso é assim mesmo, a natureza é simplesmente interessante".

Deus ouve você. Talvez você não O ouça. Tente ver, sentir, escutar melhor, perceber gestos e eventos, qualquer coisa. Deus não gosta de mediocridade, com certeza, e Ele é criativo o suficiente para não ter apenas uma forma de se expressar... mesmo que você chame isso de "sincronia do universo", considere que pode ser Deus falando com você naquele momento. E descarte a possibilidade de ser coincidência... pela centésima vez.

Há uma grande diferença entre não se convencer naturalmente de algo, e fazer força para não acreditar. Algumas pessoas fazem tanta força para não acreditar em certas coisas que conseguem vivenciar aquilo doentiamente, mesmo sofrendo a pressão do seu bom senso.

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