sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

2- Sobre a abordagem e sua natureza

Uma historinha grosseira para exemplificar. Poderia ser montada sobre diversos temas, mas não há nada mais universal que o amor. Esta história não pretende defender idéia alguma além daquela onde se para você uma coisa não existe, ela não existe mesmo. Mas vejamos este exemplo:

Um certo sujeito era incapaz de ter filhos. Ele, ao abordar sua esposa, (apesar de esta ser muito formosa e com todos os atributos femininos que são preciosos aos homens), raramente conseguia ter uma ereção. E quando conseguia, ou a perdia durante o coito ou era incapaz de fecundá-la. Suas preocupações sobre a forma técnica e o ritmo, a pressão e as impressões neuronais que o cheiro e as texturas da mulher lhe causavam levavam-no ao fracasso total. Pois médico que era, crente no viés material da realidade a ponto de não se impressionar com nada que não pudesse ser comprovado, era incapaz de deixar fluir em seu espírito qualquer idéia e envolvimento com sensações, percepções e idéias que pudessem ser chamadas de “impressão neuroquímica”. Assim, rejeitando de corpo e alma aquilo em que não acreditava, passou a ser a prova viva de que o amor e o prazer sexual eram coisas inexistentes, uma ilusão, um delírio dos outros, uma vertigem ou uma doença social, ainda que fizesse todo sentido para que a espécie continuasse a existir. Ainda assim, sua crença mais profunda era de que tudo isso era coisa de animais primitivos, sensíveis demais a itens neuroquímicos e distantes da realidade intelectual, da sabedoria e da percepção pelo inteligível. Em sua opinião, o destino da humanidade seria a clonagem ou a fecundação invitro, já que o sexo era coisa rude, primitiva, animalesca e para ele, indigna de ser considerada. Assim ele era a maior autoridade no mundo em termos de clonagem e fecundação artificial.


O conhecimento é algo valoroso, divino, o que distingue o humano do animal primitivo. O conhecimento, é dádiva divina, e através dele sobrepujamos uma boa parte da natureza, principalmente aquela que compromete nosso conforto e subsistência.
O problema do conhecimento é que ele advém de naturezas intelectuais, de vieses paradigmáticos. E é aí que as abordagens muitas vezes são imiscíveis.

Vamos melhorar o exemplo acima, já que agora apresentada a idéia, podemos ser mais sutis:
Nâo se aborda a qualidade de uma obra de arte através de gráficos estatísticos, nem com uma balança para se medir o peso da tinta. Não se aborda a criação de gado como quem coleciona selos antigos, são de natureza diferente. Não se deve usar toda a experiência e conhecimento em automobilismo de alta velocidade para se questionar ou avaliar, ou julgar, a veracidade e qualidade de um desfile de moda.

Mas, infelizmente, a ciência insiste em ser aquela pessoa extremamente desagradável que “sabe tudo”, e tem a petulância e arrogância inimagináveis para questionar a veracidade da Bíblia, das profecias, das visões, dos sonhos, das manifestações espirituais, e da própria guerra espiritual que se desenrola no mundo. A ciência, âncora espiritual que aprisiona a visão dos pseudo-sábios, é um engano formoso e habilidoso, performático, “virtuoso” como Steve Ray Vaughan o é ao tocar guitarra. O que não torna este último o melhor compositor, o que aliás do ponto de vista de muita gente falta melodia mas tem excesso de firulas. E como a ciência vai avaliar esta impressão musical? Com sensores neuronais?
A religião jamais deve ser abordada pela ciência, se ela deseja ter alguma credibilidade. No entanto, em face de sua insistência, e em face da justiça que foi dada à religião desde muito antes, desde o tempo da Lei (que é a raiz da ciência!) em se tratando de religião judaico-cristã, vamos dizer o seguinte, de ambos os pontos de vista:

• Para a ciência, a religião é um conto de fadas, manipulado por interesses históricos com algumas verdades mas com fatos aumentados e fantasiosos, instrumento para dominação coletiva em busca do dízimo, que é apenas a forma da “empresa” Igreja ganhar o seu sustento e riqueza; Uma falha no conhecimento sólido e consistente, comprovado. Exemplos como Edir Macedo e outros falsários são a prova incontestável da inveracidade dos fatos, e da máquina mentirosa que é a Igreja, e da ignorância de seus membros. Para a ciência, esses dados estatísticos são mais que suficientes para a comprovação intelectual de que Deus não existe, uma vez que ele não se manifesta e não pode ser mensurado ou detectado por radares e telescópios espaciais. Além disso, a realidade é montada em trilhões de trilhões de anos a partir de um ciclo material-energético chamado big-bang, onde entram buracos negros e brancos, de onde jorra a matéria que após um altíssimo nível entrópico entra em formação até atingir a humanidade, da forma provisória que é em plena evolução material e informacional. E nada disso tem a ver com um velho barbudo determinando as coisas.

Para a ciência, o homem é o ser mais inteligente do universo aqui na Terra, e os supostos anjos podem ter sido alienígenas no passado manipulando culturas primitivas – e provas disso são ilustrações astecas, egípcias, incaicas, e outras onde homens de capacete de vidro são representados em naves. Mas nada disso é comprovado, é apenas loucura dos arqueólogos e interpretes de signos aleatórios e coincidentes, artísticos.

Mas:

• Para a religião (cristianismo), a ciência é um instrumento das forças malignas, em busca da falsificação, deturpação da verdade através de sofismas e axiomas mentirosos, onde ela se mescla simbioticamente ao conhecimento útil para se justificar, infiltrando-se como um parasita, o que leva a oportunamente contaminar toda a realidade e o devir das coisas - a saber, principalmente, a economia e cultura mundiais e seus paradigmas escravagistas, parasitários e materialistas, corrompendo a verdade espiritual do mundo. Para a religião, a ciência é uma lei humana, que advém do mundo, e segundo Cristo, do mundo nada pode advir que não seja maligno em sua essência, pois distancia-se das coisas do reino do Pai, que são realidades de vida baseadas na verdade e na justiça, no amor coletivo e individual. Para a ciência, nada disso existe, não pode ser comprovado ou mensurado. Para a ciência, a vida é um palco competitivo de autofagia, no plano da ecosfera.

Para a religião, não conta a prova da mesma forma que para a ciência, mas a experiência:  se bem que constantemente se pede prova dos fatos e há confirmação de eventos sobrenaturais através da boca de profetas e acertos em textos bíblicos, pregações e situações inusitadas que é por onde Deus nos fala, já que sua realidade jorra de todas as formas possíveis – estamos imersos em Sua criação e portanto, tudo é possível. Dados estatísticos são irrelevantes. Para a religião, a prova é a constatação da impossibilidade de tantas coincidências sem uma determinação além da realidade visível, a impossibilidade de o milagre ser apenas um dado aleatório advindo do caos da realidade cheia de entropia organizada e em ciclos e estruturas organizadas. Para a religião, há uma realidade que existe a partir da borda desta, e é muito maior e a determina. E ela não é um simulacro tecnológico, mas uma sobre-realidade espiritual, onde o que conta é o valor espiritual dos seres, e ali, as forças não são mecânicas ou técnicas, mas baseadas no poder da Palavra, da Fé, da presença e permissão do Criador em todos os fatos. A manipulação da realidade para a religião não é baseada na mecânica, mas no dom da profecia.
Para a religião, não importa se o mundo foi criado em sete dias literais ou metafóricos, apesar de isso variar de igreja para igreja. Importa que Deus criou o mundo, e importa mais ainda, que há uma finalidade na existência do homem, após eventos de ordem espiritual que não nos são dados saber.

É claro que através da religião, não se despreza o conhecimento técnico, intelectual, administrativo, a física e outras áreas da ciência- mas apenas que são vistos com olhos sempre suspeitos, e uma vez que o inimigo está infiltrado, toda informação deve ser separada do joio cultural e suas direções espirituais. Um trabalho árduo e constante, diário, a cada minuto e segundo. Mas essa mesclagem não pode ser vista com olhos materialistas, nem pouco instruídos na Palavra. Assim como um leigo não pode ver vetores de forças gravitacionais e reações em matérias estruturais de uma construção, nem forças elétricas numa placa de circuitos.

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